Luana Breda Cristiano / Cassiano Ferreira Novo

Respirar, falar, chorar, caminhar, dentre tantos outros, são comportamentos que realizamos cotidianamente. Algumas pessoas podem apresentar facilidades ou dificuldades em sua execução. A competência para se fazer algo muda de pessoa para pessoa. Mas não ser hábil ou ter pouca habilidade não é determinista, pois comportamentos podem ser desenvolvidos, otimizados ou compensados por recurso externo, graças a plasticidade cerebral, ou seja, capacidade do cérebro em estimular conexões neuronais para adquirir novos comportamentos. Esse aprimoramento é possível desde que não haja condição biológica que limite a aprendizagem, como quadros amnésicos ou demenciais. 

Nosso comportamento é contextual. Ou seja, dependendo de onde ou com quem estamos, mudamos nossa maneira de agir. Por exemplo, o jeito de falar com sua família não é a mesma exercida no ambiente de trabalho. Isso é possível por dois componentes das funções executivas: controle inibitório e flexibilidade cognitiva. O primeiro faz com que selecionemos, dentre um amplo repertório de resposta, aquela mais adequada ao momento e o segundo possibilita essa alternância de comportamentos entre os ambientes.

Entretanto, além dos componentes das funções executivas, fatores emocionais podem minimizar a eficácia desses comportamentos ou impedi-los, fazendo com que nossa resposta à situação seja de risco. 

Vamos pensar no contexto do trânsito. Todo mundo com um mínimo de capacidade de discernimento conhece os riscos de uma condução ofensiva. Quando pensamos nisso, não há como não relacionar esse conteúdo com o episódio do desenho do Pateta no trânsito, em que ele se transforma ao sentar atrás do volante (se você não viu, fica a dica). Transtornos psiquiátricos como a depressão e ansiedade, estresse, privação de sono e consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, mesmo em pequenas quantidades, prejudicam a capacidade perceptiva, atencional, julgamento, tomada de decisão e de velocidade de resposta, sua capacidade psicomotora de forma geral.

Tais situações têm estado cada vez mais presentes em nosso dia a dia, conforme noticiários e relatórios científicos na área da segurança viária. Existem normas de controle para o uso de substâncias, no qual pela lei brasileira há zero tolerância de uso do álcool e outras substâncias psicoativas aliadas à condução de veículos automotores, apesar de termos alta frequência desse comportamento de risco. Mas mesmo em condições de saúde, a compreensão do risco é essencial para a tomada de decisão para dirigir, chamada percepção de risco no trânsito.

Em meio a esse cenário, entendemos como essencial ações educativas e preventivas, como a formação de condutores, que se inicia nos CFC´s – Centros de Formação de Condutores (autoescolas), mas pode ser retomada periodicamente, principalmente em atividades remuneradas, nos quais o ato de conduzir veículos automotores faz parte do cotidiano. A automatização não se dá somente para a condução em si, mas também na forma como a condução ocorre, como a negligência de não usar o cinto de segurança ou a imprudência de exceder a velocidade limitada pela sinalização da via local. E para esse processo de aprendizagem a neuropsicologia vem a contribuir, pois essa área visa identificar o padrão de comportamento, correlacionando este com o funcionamento cerebral e das emoções. 

Aprender ou estimular comportamentos como de automonitoramento, controle de impulsos, tomada de decisão, empatia e atenção trazem uma conscientização de como exercer a cidadania e se comportar de forma segura na condução de veículos automotores.

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8 Comentários

  1. Muito bom!!! É um tema que exige todo cuidado e consciência do condutor em seus comportamentos e tenho certeza que a neuropsicologia pode e vai contribuir e muito neste assunto. Parabéns Cassiano e um parabéns especial a Luana por ja conhecer o seu ótimo trabalho e contribuição ao próximo

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